Uma ação para celebrar os 332 anos de Curitiba se tornou um verdadeiro festival de talentos, no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) Doutor Faivre, da Fundação de Ação Social (FAS), nesta segunda-feira (31/4). A unidade localizada na Av. Pres. Affonso Camargo, 177, atende homens e mulheres em situação de rua e promove várias atividades socioeducativas como forma de ajudá-los na reintegração social.
A ação foi realizada em parceria com a equipe do Consultório de Rua, da Secretaria Municipal da Saúde, unidade móvel que percorre pontos da cidade para levar atendimento a quem vive em situação de rua. A técnica de enfermagem Oneida da Silva acompanhou os atendidos ao longo da semana para uma atividade de arte e pintura em alusão ao aniversário de Curitiba.
Na atividade, os atendidos desenharam pontos históricos da cidade com os quais eles possuem alguma memória afetiva. Segundo Oneida, o objetivo da ação foi levar equidade, saúde mental e mais dignidade a este público. “Enquanto eles estão aqui tocando, cantando e desenhando, eles estão mais felizes”, disse.
Festival de talentos
A programação teve como foco trabalhar a saúde mental dos participantes e o cuidado com a cidade onde vivem, no entanto, o que se seguiu foi uma série de apresentações musicais espontâneas.
Com violão, flauta, pandeiro e violino, instrumentos tocados pelos próprios usuários, a unidade viveu uma manhã de festa onde mais de 50 pessoas se divertiram ao som de modões sertanejos como ‘Amor de um violeiro’, de Eduardo Costa, e se emocionaram ao entoar em coro a canção gospel ‘Entra na minha casa’.
Show de gratidão
Na rua há seis meses, após uma recaída no uso de substâncias ilícitas, o ex-músico de igreja Antônio Fernando Soares Neto, 39 anos, cantou de improviso um hino sobre transformação e agradeceu o trabalho dos servidores da unidade. O homem disse que só está conseguindo se manter longe dos vícios graças ao Centro POP Doutor Faivre.
“Eles não passam a mão nas nossas cabeças e isso é importante para nós”, disse se referindo ao acompanhamento dos técnicos da unidade.
Pelo exemplo visto no local, Antônio disse que, após superar a condição de rua, quer se tornar assistente social. “Ver o sorriso desses assistentes sociais é como ver o sorriso da minha mãe”, completou.
Convidado da programação, o artista de rua e violinista Emmanuel Marcelo, de 45 anos, compartilhou com os usuários que também já viveu nas ruas, mas a arte o ajudou a superar a condição. À unidade, o artista parabenizou pela iniciativa. “É uma oportunidade rara de valorizar pessoas que se sentem excluídas e mostrar que elas possuem talentos”, disse.
Centro Pop
Usar a arte como forma de promover a ressocialização de indivíduos é prática comum no Centro POP Doutor Faivre. A coordenadora da unidade, Eridan Rocha, explica que por meio da arte os atendidos se sentem mais à vontade para expressar seus sentimentos e, por isso, essas ações ganham maior adesão. “Usamos essa ferramenta para tirá-los da rua e fazer com que eles se envolvam com essa rede socioassistencial”, explicou.